Os deuses do sebo sorriram para mim anos atrás – ou os do RPG, ainda não sei direito. Em visita à livraria de usados mais famosa da minha antiga vizinhança, e também de São Paulo, o Sebo do Messias, encontrei uma edição revisada do livro de regras do primeiro RPG oficial da Marvel, o Marvel Super Heroes, lançado em 1984 pela TSR (a mesma empresa que apresentou o famoso Dungeons & Dragons ao mundo). Paguei cinco reais, de acordo com o valor anotado em Bic verde na primeira página. O livro foi para casa e ficou esquecido na minha estante por uns sete anos – até meses atrás, quando foi colocado em jogo para eu e alguns amigos rolarmos uma história que criei protagonizada pelos X-Men.
A edição revisada de Marvel Super Heroes é de quase 35 anos atrás, de 1991, quando a TSR aprimorou as regras rudimentares da primeira versão. A antiguidade só me deixou mais interessado nelas, em especial por vivenciar a experiência de jogar um RPG bem antigo. Ao buscar algum sistema moderno para mestrar a tal aventura dos X-Men, frustrei-me com as opções e resolvi que era hora de, enfim, sanar minha curiosidade. E, afinal, para desenvolver uma narrativa ambientada no Universo Marvel, nada mais adequado do que usar um sistema oficial da Marvel.
O texto desta semana é diferente dos que costumo publicar. No lugar de uma matéria, trago um conto baseado nos acontecimentos mais recentes da trama, em que Gambit, Noturno e Vampira tentam impedir que o bando de androides mercenários Carniceiros acesse os tesouros do abandonado covil de um antigo adversário dos X-Men. Todas as falas, ações dos heróis e consequências de seus atos são fruto das decisões tomadas pelos jogadores durante a sessão.
Minha intenção com esse texto era compartilhar os acontecimentos da sessão anterior com o grupo de RPG do qual faço parte, para que os participantes pudessem se envolver um pouco mais com os acontecimentos que acabáramos de desenvolver. Mas gostei tanto do texto que resolvi compartilhá-lo com mais pessoas.
Então, se você não curte contos, essa é a sua deixa para não seguir em frente e aguardar pela edição seguinte da SOC TUM POW que, prometo, estará de volta ao formato tradicional. Mas, se você gosta, basta seguir em frente. O material é longo, mas não se preocupe, pois está segmentado em quatro partes para que você (e meus colegas de jogo) tenha uma folga durante a leitura. E pra ser ainda mais honesto, já aviso que o texto termina em um ganho para a próxima sessão de jogo. Se todas essas condições estiverem boas para você, vamos nessa!
X-Men: Ruínas de Pitcairn
capítulo 3: Jardim de sangue
A ameaça ficara para trás. À frente apenas o desconhecido. Coberto pela escuridão da noite, o caminho se revelava em detalhes para a visão noturna de Kurt Wagner, uma habilidade que o acompanhava desde o nascimento. Perscrutado pelos olhos de brilho amarelo do mutante alemão, o cenário colina acima até a mansão abandonada se desfraldava em uma vegetação pervertida, cujas árvores retorcidas e arbustos de folhas espinhosas espelhavam não só a mente distorcida do senhor daquelas terras, como refletia também a essência daquela ilha maldita.
Pouco dessas impressões chegavam aos companheiros de Kurt, ou melhor, Noturno, como costumava ser chamado em missões de campo. Abraçados pelas trevas, Remy Lebeau e Vampira dispunham de pouco mais que o brilho da lua crescente para adivinhar o panorama à frente. Apenas o instinto indicava algo errado. O abrir dos poros de suas peles, o revirar de suas entranhas, o desejo primitivo de recuar, tudo informava que estavam prestes a avançar por um local profano. Ao longe, o contorno negro das árvores contrastava contra o céu azul escuro como se fosse um recorte de papelão, sem cor e sem profundidade. Dois metros à frente do trio, uma longa serpente de pedras empilhadas rastejava pelo solo, um muro alto estendido para a direita e para a esquerda desenhando, por certo, o perímetro da propriedade.
– Bom, pelo menos sabemos por onde ele foi – decretou Vampira espichando o pescoço em direção a um portão arrombado, o único ponto de acesso através da muralha. Kurt e Remy observavam em silêncio, buscando pistas que lhes permitissem reconstruir os fatos que poderiam ter resultado na queda de parte do portão. Vampira, por outro lado, não teve dúvidas e se apressou em comunicar a história que engendrara em sua cabeça, que seria a seguinte: com os X-Men em seu encalço, o desprezível androide que atendia pelo ridículo nome de Lindinho – e que há muito a vinha provocando com gestos e palavras imundas – usou a força mecânica de seu corpo artificial para derrubar uma das duas folhas daquele portão enegrecido e invadiu o terreno proibido, concluindo seu objetivo de acessar um local do qual deveria ser mantido do lado de fora.
Não tão convencido da precipitada conclusão da amiga, Noturno estreitou os olhos como se desejasse espreitar algo além do que lhe era permitido ver. Não encontrou indícios da passagem do androide, sequer pegadas que seu pesado corpo metálico teria imprimido no solo. Tudo o que conseguiu foi assombrar-se com a forma e a textura das árvores malignas que se erguiam na alameda após o portão. Incapaz de encarar as trevas por mais tempo, Kurt desviou os olhos para o chão. Tombada em meio à lama estava uma das folhas de grades férreas que, em sua parte mais alta, trazia a letra N moldada no metal em um tipo rebuscado. Sua companheira, a vogal E, pairava orgulhosa no topo da folha do portão que restara em pé. Mesmo desconexas, as letras denunciavam a identidade do proprietário daquele lote conspurcado: Nathaniel Essex.
Os sessenta e cinco quilos de Tempestade nada representavam para a força descomunal de Vampira, que carregava a inconsciente amiga como uma mãe leva seu bebê adormecido: sem esforço e com delicadeza. O combate com os Carniceiros minutos antes fora brutal e Ororo pagou o preço mais alto. Sobre sua pele escura, ainda brilhante de suor, corria o sangue do ferimento causado por Lady Letal, a mais afiada do bando de androides mercenários. O ódio da vilã, na verdade, era reservado ao antigo adversário Wolverine, amigo próximo de Ororo, mas na ausência do desafeto, a líder dos X-Men seria um alvo mais que adequado. Com três cortes profundos no abdômen, Tempestade estava agora muito longe da consciência, enquanto em outro lugar, Lady Letal limpava a carne da oponente que ficara presa em seus dedos cibernéticos.
Avançando pela escura alameda, o trio tinha consciência de caminhar por terreno hostil. Isso não os impedia de, vez em quando, sempre que a mão da angústia lhes espremia o coração, tirar os olhos do sombrio caminho e desviar o olhar para Tempestade, como que para certificarem-se de que ela continuava lá. Todos estavam receosos pela líder, mas a preocupação externava-se mais no rosto de Remy.
Em geral charmoso e brincalhão, o mutante de ascendência francesa caminhava calado e com o semblante fechado. Nem mesmo a amada Vampira conseguiria tirá-lo do transe da aflição. O temor pela vida de Ororo tinha raízes em um passado ainda próximo, quando se conheceram em uma situação de vulnerabilidade e compartilhavam os ganhos de pequenos furtos para sobreviver. Meses depois, fortalecida e de volta à segurança, foi Tempestade quem apresentou Remy aos X-Men, tirou-o da condição frágil em que vivia e o tornou membro da equipe.
As trapaças e artimanhas do sedutor ladrão eram bem conhecidas pelas ruas em que circulava, assim como sua falta de pudor em enganar colegas em benefício próprio. Não por acaso, a famosa estratégia de sacrifício de peças menores no xadrez em prol de uma vantagem, o gambit, rendera-lhe o codinome pelo qual vinha sendo tratado há anos. Sim, ele era trapaceiro, manipulador e sedutor, mas até mesmo o coração do larápio é guiado por valores que o impediam de ser desonesto com aqueles que lhe estenderam a mão. Ao ver Tempestade indefesa, Gambit soube que, dessa vez, fora ele a ser ludibriado, pois estava a mercê do destino e faria de tudo para garantir a segurança de Ororo. Ele seria o sacrifício, caso a situação assim exigisse.
– Creio estarrmos sendo obserrvados, meine freunde – alertou Noturno com seu resquício de sotaque. Mesmo após tantos anos morando nos Estados Unidos, Kurt não se apartara de sua língua nativa, a qual se fazia presente em quase todas as frases, marcadas por um erre trazido do fundo da garganta. Seus amigos sequer notavam esses e outros trejeitos tamanha a proximidade que mantinham com o alemão, e até mesmo termos estrangeiros eram decodificados automaticamente por seus cérebros e registrados em inglês. Mesmo sem serem versados na língua germânica, Vampira e Gambit entendiam com perfeição o “meus amigos” carinhosamente colocado no fim da frase.
– Conseguem ver? – perguntou Kurt, apontando para um aglomerado de árvores à esquerda, esquecendo-se, por um instante, de que nada era revelado aos companheiros naquela escuridão. – Macacos – apressou-se em retificar o erro primário.
Eram macacos-da-noite, uma espécie que não deveria existir naquele lugar. De hábitos noturnos e reconhecido pelos redondos e esbugalhados olhos castanhos, esses primatas de quase quarenta centímetros são nativos da América do Sul, em especial do Brasil. Um ambiente tão isolado como a Ilha Pitcairn, cravada no meio do Pacífico, não deveria servir de lar a esses e nem a qualquer outro símio.
Tido como o local habitado mais isolado da Terra, Pitcairn não pode se orgulhar de sua fauna, bastante limitada devido ao isolamento geográfico. Em suas matas circulam apenas aves e insetos, sendo os únicos mamíferos costumeiros da região os pouco mais de cinquenta ilhéus e seus animais de estimação. Para os três amigos, totalmente alheios aos pormenores do ecossistema local, a única estranheza relacionada àqueles macacos era a algazarra que acabara de começar.
– São muitos. Uns vinte, talvez – arriscou Noturno, olhando para os dois lados da alameda em um vai e vem frenético de cabeça que entregava uma sutil preocupação. – São do tamanho de gatos – arriscou. Por fim, sua voz carregada de pavor descreveu com alguma incerteza – Tem… tem algo estranho com eles – Os gritos se tornavam mais altos, mais agressivos, e a agitação das folhas subia em direção à copa das árvores.
Vampira se guiava pelo som na tentativa de compreender o que acontecia. Em outra situação, em que pudesse contar com sua visão para proteger uma pessoa indefesa, a impetuosa mutante não se deixaria abalar. “Se ao menos eu pudesse colocar Tempestade no chão”, pensou, em mentira, na tentativa de se desvencilhar da certeza que já tomara seu coração. Havia algo naqueles gritos que a assustava, que desafiava sua sanidade. Aqueles não eram macacos comuns e isso a deixava assustada. Em seu íntimo, ela sentia o gélido toque de Essex naquela situação, o sádico geneticista que, muito merecidamente, levava a alcunha de Senhor Sinistro.
Vampira agiu no impulso, sem saber muito bem o que esperar de sua ação. Qualquer resultado seria melhor do que se dobrar ao medo que encurralava sua mente. Despiu parte do punho coberto pela luva e marfim e ébano se encontraram no toque de sua pele com a de Ororo. Seu dom e sua maldição, a mutação genética de Vampira permite que ela se torne dona temporária de lembranças, medos, alegrias e pensamentos daqueles que sentem seu toque macio. Da mesma forma, torna-se dona de quaisquer habilidades, ordinárias ou extraordinárias, de suas “vítimas”, e no caso de Tempestade, isso significa absorver o dom inato da rainha dos ventos de exercer controle sobre o clima.
A conexão com os elementos foi imediata. Vampira sabia exatamente quanta precipitação de chuva era esperada para as próximas horas (vinte e oito milímetros), a velocidade e a orientação do vento que soprava do mar em direção à terra (vinte e cinco quilômetros horários a quarenta graus nordeste), a temperatura geral da ilha (totalmente estável, oscilando entre vinte e quatro e vinte cinco graus Celsius), a umidade do ar (oitenta e dois por cento) e até mesmo a altura média das ondas rebentando contra a praia (míseros duzentos e cinco centímetros). Era dessa maneira que Ororo sentia os ambientes em que se enfronhava, como se a Terra fosse sua confidente, sussurrando segredos em sua mente. Agora era Vampira quem estava em comunhão com aquele ecossistema, e isso lhe trouxe tranquilidade.
Com um pensamento, a mutante encontrou o vento que cortava os céus oitocentos e tantos metros acima. Convocou-o em uma descida fechada em direção ao solo, comandou os movimentos da ventania de modo que ganhasse velocidade na descida em espiral e a guiou até os portões da propriedade de Nathaniel Essex. Canalizado pela alameda das monstruosas Figueiras-do-inferno, o já fortalecido deslocamento de ar ganhou ainda mais potência tornando-se um verdadeiro aríete invisível. As folhagens chegaram primeiro como arautos da potência vindoura. O sobretudo de Gambit colou em suas costas e nádegas com as pontas estalando para frente em um movimento desordenado, enquanto Noturno protegia os olhos contra a densa poeira que mordia seu rosto. Vampira se manteve imóvel, como uma estátua desafiadora no meio do caminho pavimentado.
O que exigiria cálculos complexos por físicos e matemáticos foi concluído por ela quase por reflexo: antes mesmo que a torrente de ar tivesse iniciado sua descida ao chão a nova rainha dos ventos sabia com exatidão quando a lufada chegaria ao trecho da alameda em que estavam ela e os amigos. Assim que a ventania chegou, a mutante a dividiu em duas como se fatiasse uma tora ao meio com uma lâmina espectral. Uma para a esquerda e a outra para a direita, as duas massas de ar subiram em direção à copa das figueiras em uma explosão que testou a resiliência das macabras árvores dos dois lados da alameda. O resultado foi imediato: uma massa disforme e viva de gritos e movimentos ultrapassou o limite das copas e se misturou ao céu escuro.
– Acho que não estamos mais no Kansas, Totó – a bem-humorada referência de Gambit ao clássico de Lyman Frank Baum não rendeu qualquer comentário dos amigos, que assistiam horrorizados ao horrendo espetáculo no céu. Para Remy, foi inevitável não pensar nos macacos mutantes de O Mágico de Oz conforme a horrenda mancha no céu se desmanchava em pequenos horrores alados.
Raivosos por terem sido pegos de surpresa pela explosão de vento, os macacos-da-noite ostentavam o máximo de sua envergadura batendo asas de morcego em um mergulho desenfreado rumo ao chão. Seus gritos atravessavam o coração como agulhas tentando estabelecer a relação presa-predador entre eles e suas próximas vítimas no solo. E não eram apenas os berros simiescos que tentavam perfurar os X-Men. No escuro, Vampira e Gambit podiam não enxergar mais que a silhueta de seus atacantes, mas viram com clareza quando o luar resplandeceu nas imensas presas vampíricas que saltavam das bocas dos macacos.
O avanço das feras em direção ao solo foi freado momentaneamente por Remy que, de algum modo, parecia agir por reflexo enquanto seus amigos se recuperavam do susto proporcionado pelo balé macabro. Antes mesmo que Vampira ou Noturno dessem conta, ele arremessou para o alto um punhado de pedregulhos que apanhara no chão e que explodiram rente aos monstrinhos como pequenos traques.
Dono de uma energia tão grande quanto seu charme, Remy era capaz de alocar parte dessa potência em objetos e os sobrecarregar com energia, tornando-os verdadeiras bombas-relógio. A habilidade decorrente de sua mutação o salvara dezenas de vezes nas ruas ao garantir a distração de que, vez ou outra, Gambit precisava. Ele esperava conseguir o mesmo resultado com os macacos, o que funcionou até certo ponto.
O show de luzes gerado pela explosão dos pedregulhos cintilantes garantiu alguma vantagem a Remy e a seus amigos, já que o brilho repentino cegou a maioria das criaturas noturnas. Ao menos por alguns instantes, mais de uma dezena dos símios alados cessou seu avanço cobrindo os olhos com os braços ou voltando o rosto para o sentido oposto ao das luzes. Apenas alguns, seja por reflexo ou sorte, foram capazes de avançar pelo violento flash e chegar a seus alvos, ainda que sua visão também estivesse algo ofuscada.
Como que por pura vendeta, Gambit foi o primeiro atacado pelas criaturas e logo sentiu agarrões de minúsculas mãos. Furioso contra a presa, um dos macacos teve o ataque seguido de um grito confuso de dor após suas presas vampíricas falharem em rasgar a jugular do mutante, cuja armadura contava com uma extravagante pescoceira. Extravagante, porém eficaz. O sangue, contudo, correu na coxa esquerda de Remy, que gritou em agonia ao sentir presas rasgarem-lhe o poderoso músculo da perna. Eficaz em perfurar, mas não tanto em sorver o delicioso visco vermelho que buscava, um terceiro atacante teve a infelicidade de abocanhar o bíceps de sua vítima, encontrando mais carne do que sangue.
Ao lado de Remy, que tentava se desvencilhar de seus pequenos agressores, outras pequenas explosões eram ouvidas anunciando os múltiplos teleportes de Noturno. Capaz de se deslocar de um ponto a outro sem percorrer o espaço entre eles, Kurt não era um alvo fácil de ser atingido, sendo capaz de desaparecer da mira de qualquer golpe na velocidade do pensamento. Quase como se pudesse estar em dois lugares ao mesmo tempo, o pequeno estampido decorrente do leve deslocamento de ar, característico de seus teleportes, era ouvido como que em dobro, pois tão logo desaparecia de um ponto o alemão tornava a aparecer em outro. “Saltos” seguidos frustraram todos os símios que se voltaram contra ele e, mais que isso, deram a Kurt a vantagem de golpes eficazes. A lâmina prateada de seu sabre riscou a noite em busca de alvos, e encontrou dois primatas, que guincharam em um som agudo. Dessa vez, o sangue que pingava no chão não era aquele que desejavam.
Raivoso, o pequeno vulto que mordera o pescoço de Vampira gritou frustrado quando suas presas tentaram romper a pele impenetrável da mutante. Com Tempestade em seus braços, ela não estava habilitada a desferir seus golpes, e tudo o que podia fazer era se curvar sobre a amiga para render alguma proteção à líder. Inconsciente, Ororo era uma presa fácil para criaturas aproveitadoras como aquelas, que sempre escolhem alvos que ofereçam a menor resistência. O sangue que escorria de dos ferimentos abertos por Lady Letal tornava a situação ainda mais delicada já que o aroma ferroso aguçava o frenesi das criaturas. Nenhuma delas poderia ferir Vampira, mas Ororo corria sério perigo.
O simiesco vampiro que gritara decepcionado no ouvido de Vampira caiu morto e ressequido tão logo deu um tapa de fúria na jovem. Sem imaginar as consequências de seu ato, o macaco teve toda sua energia vital absorvida tão logo sua diminuta mão tocou a face da mutante. Da mesma forma que absorvera características importantes de Tempestade minutos antes, Vampira também foi tomada por traços do pequeno monstro, em especial o instinto e sensações desordenadas, como raiva, frustração e, acima de tudo, fome, muita fome.
Em sua boca, os dentes caninos triplicaram de tamanho e se tornaram afiados nas pontas, a única mudança física resultante do toque indesejado. Por dentro, contudo, Vampira sentia agonia, dor e confusão. Todos os seus pensamentos focavam o fim daquela angústia, o qual só viria por meio do delicioso sangue. Quente. Espesso. Doce. O raciocínio humano fora substituído pelo instinto animal, que exigia sangue, litros de sangue, baldes de sangue. O simples aroma no ar a excitava. Salivando, ela sabia muito bem onde encontrar o que buscava. Em seus braços, Ororo estava posta. Uma mesa farta à espera de ser devorada.
(CONTINUA EM BREVE…)
Esta foi a edição 126 da newsletter SOC TUM POW e, com ela, trago a capa de mesmo número de alguma série em quadrinhos. A de Thor 126 (1966) chegou repleta de força, não apenas do Deus do Trovão, mostrado em um duelo com Hércules que marcou os fãs, mas também a de Jack Kirby, o maior astro dos quadrinhos na época. A ilustração a lápis do “Rei” é finalizada pelo parceiro Vince Coleta. Além de tudo, essa é a primeira capa após a série mensal Journey Into Mystery ser renomeada Thor.
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